Educar pela cor dos
nossos olhos
Olhos estes que são
janelas do mundo
São ainda as portas
das nossas paisagens
E nas periferias, elas
têm cores bem definidas
Como falar em
educação popular sem localizar esta no povo?
Como localizar este
povo sem ver sua raça?
Como ver sua raça e
não reconhecer seu gênero?
As periferias são
zonas marcadas pela negação do que diverge do centro
Centro social e
forçadamente caucasiano, rico, hetero, cis, macho
E nas periferias,
quem preenche este espaço?
Pra educar o povo tem
que ver o povo por ele mesmo
Nós por quem somos
Quebrando os
estereótipos
Rompendo com os
brancos olhos
Superando as diversas
alienações dos nossos povos
Pra entender as
potencias e realizações que somos
No fazimento diário
da construção da cidade
Da construção do
campo
Educação Popular afroindígena
Entendendo nosso lugar
nesta
Assumindo a
oficialidade da nossa festa
A luz na nossa testa
Reconhecendo os
limites próprios ao nosso percurso
Reconhecer a
importância de que a questão de classe não é tudo
E assim, a educação
popular
Por nascer da/na
nossa realidade
Demanda fazer desta,
o nosso currículo
O campo e a favela
são os nossos livros vivos
Nossas anciãs e anciãos
nossos doutores
Nossas vivências revelam
muitos dos remédios das nossas dores
Precisamos reconhecer
em nossas diferenças as nossas demandas e potencialidades
Fazer educação
popular é ter que parir educação a partir da nossa realidade para além da questão
de classe
É dentre outras
coisas, refletir criticamente as questões que envolvem a construção da raça, do
gênero, do território e da sexualidade.
É reconhecer o povo a
partir de sua própria história, cultura, saberes e identidades!
Marteluz de Jesus