segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Banzo

 

Chamaram de banzo

A dor negra do desespero do adeus

Da desesperança de tudo o que era a Vida

Ver os seus amarrados a você por grilhões

Em estupros psíquicos contínuos que atingiram até a dimensão espiritual

E mesmo com tudo isso,

Ainda queriam que aceitássemos como normal...

 

Chamaram de banzo a dor da desgraça que nos causaram

E até hoje não se revisitaram.

 

Marteluz de Jesus

sábado, 13 de novembro de 2021

Caminhos em Cruzilhadas

 

CAMINHOS EM CURZLHADAS

 

Eu cresci

Me vendo mulato

Mas na hora que queriam,

Eu era preto, e tinha q ficar calado.

Cresci sem entender

a razão daquelas expressões

Não me perguntava

Não fazia conexões

Não entendia

O peso histórico da cor das peles

Dos olhos

Dos cabelos...

Depois, tempos depois,

Entendi que havia um tal capital

E que tinha q ter pra ser genial

Achei q a questão central que me aprisionava no lugar de nada era minha pobreza

E mais uma vez a inocência me deixava de bobeira

Porque antes de ser pobre

Eu era preto

Mas sendo mulato, eu não entendia o a expressão do termo

...

Foi apenas tempos depois

Que compreendi que tudo tava costurado

Meu corpo estava todo marcado

O mundo antes de capitalista é racializado

Eu precisei entender isto pra me despir do que eu achava que eu era

Precisei me despir pra reconstruir novo ser

Renascer em nova relação racial

De gênero

De sexualidade

Precisei mexer em mim em cada parte

Pra renascer novo ser

Na contínua reconstrução do ser

Na contínua ressignificação do ser

Pra ser novo ser

Em encontro comigo

Posicionamento crítico no mundo

E vc?

Já nasceu pronto?

Se não, quando despertou pra ser novo ser?


Marteluz de Jesus

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Corpo Copo Cheio pra Educação

Quem somos?

Quais sons somos?

Imagens, cheiros, silhuetas, tatos, tratos?

Ques corpos são estes?

Que, soltos na vida, amordaçam-se nos códigos?

Códigos sociais ativos

Em corpos ativos

Sujeitos muitas vezes cativos

Assujeitados aos vícios dos labirintos historicamente construídos

Culturas mil

Poder sobrepondo ao poder

Não existe espaço vazio

E é neste multicosmo de culturas diversas

Que versam as mentalidades atitudes

Produzindo o pensar-sentir-agir

Tão intuitivo e instintivo quanto atravessado de valores historicamente construídos

Por culturas diversas

Num multicosmo pluriversal

Onde preconceito e bem fazejo se dialogam e digladiam dia a dia

E neste dia a dia, enquanto mãos estendem mãos e erguem escadas firmes pra novas auroras amorosas

Outras tantas mãos tontas tentam por abaixo tudo o que é solidário provando ser otário o bondoso laço atado...

E  quem seria otário mesmo?

É neste espaço conflituoso

É neste território dinâmico e muitas vezes impiedoso

Que a educação erige como caminho inevitável, pois ela é inerente ao ser humano!

A grande questão então não é a quem educar, mas sim o que e para quem educar.

Destarte, em toda parte é primaz pensar o lugar deste corpo

Destes corpos

Corpo copo

Transbordando histórias milenares

Cheio de sentidos

Desejos

Medos

Seres

Entidades

Instituições

Racionalidades

Corações

Possibilidades

Negações

Construções

Reconstruções

Significados

Significantes

Ressignificações

É...

Corpo complexo, holístico e indissociável de tudo o que ele simplesmente é

O corpo é do mundo

E do pó veio

Ao pó voltará

Alimentando o ciclo energético e material de tudo o que há!

 

Marteluz de Jesus