Educação Transgressora


Viva Docência


E vivas à docência

Que seja exaltada a prática que ensina vida

A docência Viva

Que vivendo nos encontros de afetos

Nas janelas dos sorrisos

Nas dilícias dos meninos

Nos sonhos bem vividos

Alimenta esperança pros dias vindos

Pras lutas árduas

Pra dores crônicas que convulsionam a sociedade


É preciso que cada cidadão viva a docência viva

Pra sentir na pele aqueles sorrisos

Pra sentir nos poros o suor

No travesseiro, a preocupação

Na cadeira, os anos de estudo

Na política, o valor policialesco disto tudo...


Então entoemos vivas à docência

Reconhecendo sua decência 

Trabalhando as curas das doenças

Exaltando o brilho

Sem romantizar os grilos

Pois somente com olhos desanuviados de fofocas midiáticas

Superaremos as desgraças

Construiremos pontes de graças

Sorrisos brilhantes

Mentes cantantes

Pessoas empáticas

Historicamente antenadas

Pra ser cura desta sociedade agastada...


Exaltemos a docência

Pois sem ela, nenhuma outra luta valerá a pena!!!


Marteluz de Jesus



EDUCORAÇÃO

 

Não, não desista

Há tempo pra tudo

E o tempo...

Ele cura feridas

O tempo é rei, oh tempo rei

E sendo rei ele estabelece limites pra tudo

Tudo passa

E eu creio que um dia esta ruindade também passará

Mas não quero ficar sentado esperando

Prostrado num chão árido de esperança nas celeumas de vidas vazias entregues ao capital e ao ódio

Eu me ergo junto à minha gente

Com colegas da educação botando o coração na frente

Com a certeza de que podem tentar nos derrubar

Mas, ainda que matem

Muito mais virão das matas

Pois somos selvas regadas com amor

Com a certeza de que a vida merece ser tratada com dignidade

E é por isto

Que no campo ou na cidade

O desejo de ver a transformação em mim arde

E eu luto

Com tudo o que tenho...

Foi assim que eu escolhi a educação

Por força das batidas do meu coração

Educar para libertar a mim e aos outros

Educar para ser sonho novo

Na realização das ações dos meus antepassados

Educar para se reconhecer sujeito

Neste mundo objetificante

Trabalhar na construção de educação vivificante

Eis uma necessidade urgente

Eis uma demanda gritante!

 

Marteluz de Jesus


EDUCAVIDA POPULAR


 A educação popular é aquela que leva o povo pra dentro escola

E na escola conecta o povo com o resto do mundo

Este contato potencializa a consciência crítica sobre tudo

Sobretudo sobre a história

Sobre, sem sair de dentro

Assumindo-se dentro, sendo centro

Ela é ponte entre as periferias marginalizadas e o centro auto instituído

Ela assume o poder político do povo na própria existência e organicidade da sociedade

Centraliza no próprio povo suas demandas e provoca as construções de alternativas

Educação Popular é Viva!

Assume a vida dos seus como sua alma

Seu chão é sua essência

Sua memória é seu poema

Liberdade: o seu lema

E assim pega o leme e zarpa pra sair da lama

Da lama que nos botaram

De onde nossos ascendentes esbravejaram

E gritaram com tanta força

Que saíram de lá conosco nos braços

Reconstruindo o sentido do que estava instituído

Plantando as sementes dos cajueiros que somos

Das cajazeiras que somos

Do presente futuro que somos

A partir da educação popularmente construída

Diariamente por nossas rainhas

Na escola, associação, praça ou oficina

A Educação popular nos abre as portas pelos olhos das nossas mulheres e homens, meninos e meninas!

 

Marteluz de Jesus



FRUTOS DE DIVERSIDADE


Quais pontes somos?

Quantas pontes passamos?

Quantas pontes desejamos que nos acolham nas escolhas da escola da vida?

Quantas vezes os muros intransponíveis são superados com mãos esticadas lá do alto?

Quantas vezes não caímos no chão porque desabamos no colo de alguém?

Quantas vezes nem percebemos as lanternas que iluminaram nossos caminhos?


A educação é chão de zil mãos

E que deve acolher a todos atento às singularidades que atravessam a multidão

Inúmeras cores

Inúmeras dores

Atrizes e atores

Esperan-çar...


Ah...

Há muito a ser feito

E não há tempo pra negarmos a nós mesmos

Os nós que somos no outro enquanto espelho

Diferentes e iguais ao mesmo tempo

Talvez em momentos diferentes da vida

Mas somos todos os mesmos...


Com compreensões diferentes

Trilhas outras

Experiências e vivências distintas

Mas que não sejam a exclusão que nos aniquila

E sim a mão que na hora do muro nos ajuda

Nos acolhe

Nos ampara

Seca nossas lágrimas

Nos estressa para depois darmos risadas...

É verdade...

Por mais difícil que seja

Precisamos criar pontes

Especialmente nestes tempos sombrios

Em que o ódio é alimento arredio

Que nos põe em rédeas

Nos cega

Nos aliena

Nos mata...


Precisamos crer no povo

Amar a vida

E pela vida

Lutar para vê-la viva!

É fácil gritar viva à diferença

Difícil é viver quando ela é sentença

E então eu pergunto:

Há caminhos para que dois bicudos conversem sem se bicar?

Dá pra construir junto sem tentar se anular?

Dá pra ser novo mundo neste mundo em chamas?


Eu não sei...

Mas sei que toda vez que eu entro na escola

Eu rogo, mentalizo e peço às energias, ajuda para tentar

Tentar ouvir

Acolher

Dialogar

Sem matar o outro

Sem negar o outro

Ser ponte

Na caminhança desta vida estranha

Aprender com a diferença

Olhar a poética da diferença

E entender que meu jeito de ser deve aprender a conviver com seu jeito de ser

Entender que seu jeito de ser deve aprender a conviver com meu jeito de ser

Para a gente somar o ser

E ser humano na construção de novo ser

Novo ser humano

Menos bestial

Mais empático

Mais amoroso

Mais coletivo

Pra gente poder colher fruto gostoso

Às vezes amargo, mas nunca venenoso!


Marteluz de Jesus



COLETIVAS RESISTÊNCIAS VIVAS 



Cultivando a vida

Coletivas resistências

Existindo em sonhos

Materializando realidades

 

São lutas históricas

Marcadas a sangue, suor e enxada

Nos calos grossos da mão

Nas sábias estratégias da mente

No calor nobre do coração

 

Cultivando esperança

Coletivizando amores

Resistindo às dores

Vivendo a Vida

 

Levando para as escolas nossas causas

Estudando mas escolas nossas lutas

Vivenciando nas escolas nossas sabedorias

Fortalecendo em nossas escolas o nosso povo

 

Estamos erguidos contra os latifúndios

Contra a exploração do capital

Contra as raízes deste mal

Que nos quer alijar a todo momento

 

Destruindo nossos cultivos

Segregando nossos coletivos

Rasgando nossas esperanças

Drenando nossas vida

 

Mas aqui estamos

E mais uma Jura

Juramos morrer lutando

Educando pelo Campo

Erguendo Mais de nós

 

Por mais Valmir Sampaio

Roseli Nunes

Marcio Matos

Fábio Santos

Oziel Alves

Margarida Alves

 

E nestes Seguimos de pé

São nossas raízes fincadas na História

Vamos derrubar os latifúndios culturais

Do falso conhecimento

Do falso  enriquecimento

Do racismo

Do sexismo

Do machismo

Da LGBTfobia

 

Vamos erguer nossos mastros

Somos a própria bandeira do barco

Que singra o sertão sedento de justiça

Justiça esta q passa pela educação

E por isso seguimos

E por isso estamos aqui

Cultivando coletivamente a resistência viva

 

Marteluz de Jesus



EDUCAR POPULAR NA RAÇA

 

Educar pela cor dos nossos olhos

Olhos estes que são janelas do mundo

São ainda as portas das nossas paisagens

E nas periferias, elas têm cores bem definidas

Como falar em educação popular sem localizar esta no povo?

Como localizar este povo sem ver sua raça?

Como ver sua raça e não reconhecer seu gênero?

As periferias são zonas marcadas pela negação do que diverge do centro

Centro social e forçadamente caucasiano, rico, hetero, cis, macho

E nas periferias, quem preenche este espaço?

Pra educar o povo tem que ver o povo por ele mesmo

Nós por quem somos

Quebrando os estereótipos

Rompendo com os brancos olhos

Superando as diversas alienações dos nossos povos

Pra entender as potencias e realizações que somos

No fazimento diário da construção da cidade

Da construção do campo

Educação Popular afroindígena

Entendendo nosso lugar nesta

Assumindo a oficialidade da nossa festa

A luz na nossa testa

Reconhecendo os limites próprios ao nosso percurso

Reconhecer a importância de que a questão de classe não é tudo

E assim, a educação popular

Por nascer da/na nossa realidade

Demanda fazer desta, o nosso currículo

O campo e a favela são os nossos livros vivos

Nossas anciãs e anciãos nossos doutores

Nossas vivências revelam muitos dos remédios das nossas dores

Precisamos reconhecer em nossas diferenças as nossas demandas e potencialidades

Fazer educação popular é ter que parir educação a partir da nossa realidade para além da questão de classe

É dentre outras coisas, refletir criticamente as questões que envolvem a construção da raça, do gênero, do território e da sexualidade.

É reconhecer o povo a partir de sua própria história, cultura, saberes e identidades!

 

Marteluz de Jesus

 


CHAMAMENTO


 Somos os caminhos que nossas raízes fazem pra nossa copa tocar o Sol

Somos Vida em Luz, no auge dos nossos sonhos em voo maior

Não somos apenas potência, somos a realização daquelas que  vieram antes da gente

Lavraram a terra e prepararam tudo pra gente germinar!

Eis que agora temos caminhos a seguir e escolhas a fazer:

Parar e deixar retroceder?

Ou Lutar até novo amanhecer?

 

“Êêê... Educação!

Que trazer pra educar irmãs e irmãos?”


Marteluz de Jesus



NOSSAS BASES SÃO A TERRA

 


“Dize” que tem uma pró que chegou na escola cheia de moral, toda trabalhada numa base nacional pra ensinar ao local a se portar e ser do jeito que tem que ser… mas aí, Joãozinho, danado que nem a gota, de pronto, questionou a professora:

Pró, nera pra ser esquecida a nossa cultura não!

Pró, nera pra ser apagada a nossa luta não!

Pró, criminaliza minha lida não!!!

Porque o PRONERA é luta enraizada em nosso chão!

Rememora nossas dores, atrizes e atores

Revive nossos amores

Reaviva nossas esperanças

Nossas sementes-cirandas

Refaz os caminhos das nossas estratégias

Desde o cangaço até novas primaveras

Planta mais Margaridas em nossas aulas

Traz bases comuns aos nossos povos

Aos nossos sangues

Aos nossos olhos

Às nossas cores!

Venha debulhar o Cio da Terra conosco, pró!

Dialogar Freire com Lia e Patativa

Em didáticas assertivas cheias de sinergia

Nas bases dos nossos corações

Comuns às nossas vidas

Curriculares a partir das Pedagogias dos Campos

Das Águas, Terreiros e Florestas!

Vamos conceber escolas aguerridas

Implicadas com a reforma agrária

Confluindo em estratégias a partir da nossa diversidade

Contra celas, Salles e seus jagunços

 

Pela Vida

Pela Viva Vida

Pela Viva e Linda Vida

Que desde o sorriso do olhar da criança

A camponesa se ergue orgulhosa da sua terra dançada em suas tranças

Nas EFAs que giram os sóis das nossas famílias

Naquela alternância cheia de significado

Um solo fértio marcado pela liberdade

Pelo justo trabalho

Pelo trabalho como princípio educativo descolonizadoramente emancipador

Pela Vida

Pela Viva Vida

Pela Viva e linda Vida

No Sorriso do olhar da criança

Em que a Vida camponesa se faz energia-ciranda

De amor, luta e chão de terra

Chão da Terra

Nos olhos d’água

Por onde a nossa base curricular necessariamente passa

E revolucionária, cria asas!!!

 

Marteluz de Jesus

 


QUEM EVADE QUEM?

 

 

Quantas vezes a escola nos nega

Renegando nossas identidades de favela

Deturpando nossa genialidade

Desdenhando das nossas necessidades?

 

Quantas vezes a fome foi mais forte que a vontade de ler

E o professor queria que eu comesse livros pra crescer?

 

Quantas vezes eu fui repreendido

Por correr nos corredores da escola eu fiquei de castigo

Mas eu confesso que os corredores me pediam em segredo pra correr livremente como se fosse nos becos...

 

Quantas vezes tive que cuidar do meu irmão

Do meu pai bêbado, ou trabalhar no pernoitão...

E a pró só queria seu trabalho inteiro, impecável, não importava o meio...

 

Quantas vezes cheguei violentada na escola, e lá dentro ainda levava outra coça...

 

Quantas vezes meus gritos emudecidos se transformavam em murros agressivos?

 

Quantas vezes tive que ficar de cabeça baixa?

Quantas vezes meus medos malditos me atordoavam na sala?

Quantas vezes eu quis apenas o recreio pra brincar em paz?

Quantas vezes mais?...

 

Mas também me lembro daquela pró!

Que me acolhia sem aquele olhar de dó

Seus olhos diziam que ela me entendia

A sensibilidade era sua via

E assim me via a Vida que eu era

E me fazia reerguer em plena primavera

Na construção do sentimento de Ser mais

Ser mais, mais e mais e mais

Mais potência...

Afetiva assistência

 

E naquelas aulas ela falava das favelas

Dos meus becos, das escadas e vielas

E quando discutia sobre as quebrada

Juntava os cacos quebrados pela estrada

E tudo fazia sentido...

O passado e o presente era sentido

E bom futuro era por nós construído...

 

 É... eu não queria evadir

E ela não queria me evadir

E ali eu não mais me perdi

Finalmente me encontrei naquela sala

Sua aula era a janela da favela

Me livrei da cela que me prendia

Me livrei da sela que fazia de mim montaria

Criei asas que cresceram no quadro negro que aquela pró usou como esteio

E agora sem dó

Vou voar pro sol por que eu, eu sou Maior!

 

Marteluz de Jesus




ESCOLA CIRANDAR

  

A gente ciranda,

A roda encanta

Circula energia

A magia ginga

Ginga na gente

Ginga ne mente

Um letramento diferente

Pertinente para que sEJA revolucionário

 

Pois a ciranda e ladeada

De mãos dadas nos conectamos

Cantando nossas histórias

Partilhando experiências coletivas

Consciências Vivas

Saberes Vivos

Horizontes coletivos

 

A educação é chão que ensina a viver

E muito além do capital

Muito além do mundo do trabalho

Ensina a ser no mundo

Compartilhar o mundo

A resistir no mundo

Existir a própria identidade

A própria cultura

Atravessando o currículo com as esperanças e angústias

Questionando o amor e o ardor das labutas

Relembrando as histórias de luta

Questionando o dito oficial

Reconhecendo o quão nosso povo é genial!

 

Nessa ciranda educativa

Nessa conversa construtiva

As vivências de Freire nos ensina

Em diálogo entrelaçados a cada um de nós nessa trilha

Amar a vida

Crer no povo

Vigiar a si mesmo

Superar a opressão a cada instante

Mediante perguntas sobre os contextos vividos,

Investigar o chão cheio de sentido

Chão pisado

Cirandado

Nas rodas

Esteio das nossas casas

Território das nossas sabedorias

Vivências das nossas Re-Existências...

 

Vamos levar pra escola nossas cirandas

Nossas rodas

Nossas demandas

Nossas potências

Nossas conversas

Nossas histórias

Nossas glórias

Porque nós somos as escolas

Então sejamos nas escolas as nossas vivências

Plenas

 

Marteluz de Jesus



MERDACANTILIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO

 

Sistema educacional mercadológico

Vendendo crianças e adultos no atacado

Atacando nossas autonomias por meio de mentiras ensinadas em materiais didáticos mal intencionados

Deformações docentes bizarras

Atreladas à agenda ultraliberal politicamente engajada

E a massa? Essa não percebe nada...

 

A racistada está toda espalhada

Querem dizer que racismo não é nada.

As mães do agro também já deram as caras

E querem que as escolas ensinem que agro é tech, agro é pop, agro é tudo...

Muito louco...

 

Nos tempos da terra plana, pra defender a educação crítica é necessária força tamanha

Na escola estamos em luta contra forças que pregam abertamente a desigualdade

E nós é quem somos aliens, por combater a bestial desumanização

Infelizmente muitos colegas não entendem a real situação

Não entendem os meandros racistas deste agro que é peste, que é morte, que fode tudo!

 

Mas o fato, é que há muito eles estão dentro das escolas e das casas simultaneamente

Se a educação castradora atua na sala de aula descaradamente,

A TV reforça seus ideais no seio das famílias impiedosamente.

 

É...

É preciso estarmos atentos e fortes

Rejeitar em vida esta força oligárquica da morte

Nossas lutas são contra as mentalidades corrompidas

Precisamos de perspectivas educacionais comprometidas

Com a luta social

Com a justiça

Com a vida...

Emancipar é necessário

Descolonizar é imprescindível!

 

Precisamos trabalhar o letramento social

Compreender que vivenciamos um tenebroso movimento histórico e global

Reconhecer a rede que se forma pra nos prender neste complexo do mal

Desmascarar as lideranças espirituais do capital

As lideranças populares vendidas sem escrúpulos,

Precisamos aprender com o gato, o pulo

Desenvolver a leitura das entrelinhas nas propostas educacionais e sociais que nos são apresentadas

Reconhecer o que vale a pena de fato, e o que é puro ouro de tolo

 

É rapá, temos muito a fazer...

Vamu pegar visão nesta Base Nacional Curricular Comum

Entender o contexto histórico em que ela é implementada

A quem se destina, com qual projeto ela se alinha...

Seu enraizamento neste esquema desumanizante e deprimente

Se ligar no projeto político de escravismo

Se ligar no lugar a nós relegado neste plano geopolítico e racial globalizado.

Ludibriam o povo dizendo não haver ideologia da parte deles

E muitos professores escorregam nesta conversa em seus docentes fazeres...

Não temos que ter como bússolas a formação de sujeitos “competentes”

Nossa preocupação deve ser com formações mais complexas de cada ser vivente...        

 

Portanto,

Vamos trabalhar na sensibilização de cada irmã e irmão

A luta deve soerguer a consciência de transformação

Ajudar os nossos a nos reconhecer como humanos

Potencializar a solidariedade

Articular sujeitos sociais em prol da justiça

A escola é lócus deste trabalho

Afinal, o mais importante em qualquer discussão é, e tem que ser sempre, a dignidade ampla para toda forma de vida.

 

É isto que deveria ser comum a toda base educacional

A construção de mentalidades que rejeitem a alienação basilar desta estrutura desigual

Visando a equidade em sociedades comprometidas com a sustentabilidade social, ambiental e cultural

Em trabalhos coletivos

A partir e junto com todes, todas e todos

 

Sigamos nas lutas pautadas no Justo Amor pelo Povo!

 

Freire Presente!

Fanon Presente!

Eduquemos para mundo novo!!!

 

Marteluz de Jesus

    

EDUCAR PARA O QUE SE VIVE - DESVELAR OS MITOS

Não lutará contra o que não puder ver
Não fará o que não acreditar ser possível 
Não pensará sobre o que nunca experimentou 
Não refletirá sobre o que nunca fora provocado!
A estrutura dita suas possibilidades.

Ave sem asas não voa.
Um tetraplégico, só se locomoverá com ajuda de outrem.
Quem está devidamente amarrado, não terá movimentos, se não os espasmos.
Vendado não terá cores para descrever e nem pintar...

Assim na educação precisamos compreender os fenômenos
Psicológicos
Antropológicos
Sociológicos
Filosóficos.

Porque tanta mulher morre nas relações conjugais?
Por que misoginia?
Quais as causas e consequências da homolesbobitransfobia?
O machismo permeia quais dimensões sociais e quais suas raízes e grilhões em cada ser?
Qual o sentido da xenofobia?
Tanto uso descontrolado de droga é apenas descaração?
E o consumismo? Qual sua relação com a globalização? Existe racismo reverso?
Porque tanta desigualdade?
Tanta miséria?

Se por um lado não é possível lutar contra o que se vê, também não se deve ver só por cima.
Não se deve achar que no mar se pode nadar como em uma piscina.
Não se deve educar sem aprofundar seu olhar no mundo em que se está.
A menos que aceite com naturalidade toda brutalidade que insiste em maquiavelicamente se perpetuar.

Como lutar contra o que não vê?
Tire as vendas, mas cuidado com o mito da caverna presente em você.
Não se amarre pra psicopatia
Não se cale frente a tanta covardia
Não assuma sua impotência sem nem tentar andar.
Você não é tetraplégico
Sua ave tem asas.
Não se jogue como em uma piscina rasa.
Sua responsabilidade social com o mundo exige posições mais conscientes,
Posturas mais eretas
Luzes nas testas.
Vida nas salas
Currículos mais críticos, empoderados no sangue, na luta, no grito.
Não seja e nem esteja na educação atoa.
Não seja tecnic@
Se assuma cognoscente
Vamos levar junt@s o mundo pra frente.

Caso se negue, estará reproduzindo e fazendo a manutenção histórica de tudo o que nos aprisiona, exclui, segrega e mata!!!!!


Marteluz de Jesus



A NOSSA EDUCAÇÃO FOI A PUTA QUEM PARIU



Quando a gente fala puta a gente não amputa a valorização feminina e nem pejoratiza a Puta.

Na boca do povo a puta é aquela quem não é mais virgem.

Mas a Puta pode também ser a trabalhadora.

A Puta trabalha na dor do parto pra gerar a vida que virá dela.

A Puta muda o mundo, sendo muda ou não.

Nossas mães são putas, e nos pariram,

Nossa Pátria é Puta, e uma mãe que nos esqueceu.

Concebeu esta educação nos cuspindo ao chão,

Nos amarrando com a educação que nos venda, nos condena,

Que por mentes nada amadoras amam as dores alheias

Por ser deseducação Deformadora e Mamam nas dores Alheias.

A Nossa Educação Foi a Puta Quem Pariu” quer rediscutir a putaria desta pátria

Partindo das nossas educações

Transgressoras mentes,

Comumente estardalhaçaremos quem nos ouvir falar desta forma!!!

E sem forma, vamos buscar as informação que deforma na forma da ambição.

Temos que pensar e repensar a nossa educação, doméstica e institucional.

Na forma da ambição.

Quem assume a causa e a culpa da nossa educação?

Quem faz a nossa educação?

Quem está afim de sentar neste chão?

Quem está afim de limpar este chão?

Quem não está sofrendo consequências desta atual educação?




Marteluz de Jesus




RESILIÊNCIA DOCENTE

Conhecer as prováveis feridas que teremos,
E observado os tropeções alheios,
Nada nos garante a ausência da dor e da queda.
A vida sempre prega peças,
E hoje,
Ouvi mais uma história daquelas,
De uma criança bonita,
Inteligente e colorida,
Se perdendo em erros dolosos e cruéis,
Escolhas mal feitas por quem não enxerga bem para aonde vai...
Isto dói,
E agradeço a dor,
Mostra-me que sensível eu sou,
Revela-me que na mesmice não estou.
Minha indignação deve ser canalizada pra educação,
Deverei arrumar um meio de fazer esta dor se tornar amor
Pois ainda creio que vale a pena lutar quanto professor.
Docente é ser espirituoso e lutador,
Pra transformar cada pequeno sofredor em grade potencial de vencedor.
O mais será com eles!!!


Marcelo de Jesus



GRADUALTO

Graduando,
Na grade dos estudos,
Nas grades dos túmulos.
Presos por dentro,
Pela mente, pelo lamento.
Tento alcançar minha formação acadêmica,
Graduar-me em ciência,
Ser ciente da minha profissão,
Mas consciente de que em mim tem que haver revolução.
Estudar pra vida,
E não apenas por sina.
Transcender os muros das grades, em que as cadeiras enfileiradas nos sentenciam à passividade.
A hereditariedade da vã autoridade ainda faz alarde.
E em nossos cursos professores tem status incontestáveis.
Mas se queremos apenas canudos,
Enclausuremo-nos nestes muros.
Inférteis às virtudes do ser social.
Individualizando indivíduos antigos nos próprios umbigos.
Graduandos gradeados pelos gessos acadêmicos,
Lutar pela formação pessoal na profissão é exigir os direitos da boa formação pessoal.
Aulas diárias,
Reais,
Diversificadas,
Bem qualificadas,
Bem preparadas,
Atentas às diferenças,
Respeitando as longas penas,
Fazendo das penas as asas pra voar.
Voar voraz ao se formar.
Pesquisador sagaz a se manifestar
Por ter conhecido na academia a amplitude de sua profissão.
A aplicabilidade social da sua ação.
A sua relevância em um universo de infinita dimensão.
Arrebentem as amarras que os prendem.
As amarras instituídas nos prazos,
Nas notas,
Nos preços,
Nas colas,
Nas solas,
Pois quem quer uma boa formação deve a querer pelo coração,
O unido aos grandes livros,
Mediando pela livre mente,
Mergulhando no conhecimento pela razão, pesquisa e determinação.
Exímios professores, médicos, administradores, juízes.
Futuros doutores, depondo impostores, dando nova vida ao mundo com novos valores.
Valores de justiça, solidariedade, coletivismo,
Determinação, objetivação, conscientização...
No mundo em que estamos não podemos nos dar ao luxo de formar mais lixos.
As lixas em nossas mãos, das dificuldades vividas são provas disto.
Então levantemo-nos pra conquista do nosso espaço.
Espaço acadêmico,
Graduando libertário,
Libertado,
Ao futuro atrelado,
Em um presente revolucionário,
Assistido pelos direitos,
Por ter lutado para tê-los.
Formação para exercer a profissão com o coração.
Se teu curso não te agrada, saia!!!
Não seja mais uma barra no coração.
Faça por amor e tenha por recompensa a sua satisfação.
Um bom curso, uma justa causa, uma nova nação!!!

Marcelo de Jesus


BRINFESSOR

Professor Brinca,
Rola,
Vira criança,
Entra na dança,
Aprende a ensinar,
Ensina a viver,
Vivendo aprende com as crianças,
O bem viver.
Professor é ensinar e aprender!!!


Marcelo de Jesus



EDUCAÇÃO CONTRÁRIA

A educação que se pode,
A educação que se pede,
A vida que tramita pelas ações coletivas e supostamente individuais dos sujeitos,
As transformações contínuas e retroalimentadas nas espirais sociais que entremeiam-nos pelos meios e inferem em nossos alicerces.

Muitas vezes nos achamos tão pouco.
Muitas vezes nos vemos isolados.
Muitas vezes nos temos independentes.
Mas nunca estamos de fato fracionados.

Exigimos tanto de nós, de tudo e de todos
E esquecemos que somos sementes históricas.
Erigidas de uma longa história,
Enveredando outras infinitas histórias.

Nossas cobranças poderiam ser mais sensatas
Nas percepções de que tudo é mais amplo e de que não existe vento que em si se acaba.
Novos horizontes seriam vislumbrados ao percebermos a complexidade de todas as coisas.
Nunca mais acreditariamos em acasos e descasos dolosos em nossos calos e roupas.

Somos preparados para este mundo materialista.
Semeados como coisas consumistas a serem consumidas.
Seres (de)feitos acríticos em um camínho de sacríficios e vícios
Somos induzidos ao erro e culpabilizados quando perdidos.

Imersos em um engodo cíclico estamos enterrados em nossos umbigos.
Intrínsicamente estamos imbricados em pensamentos simplistas.
Irônicamente percebemos a importância explícita do conhecimento.
Idiotizados somos bombardeados com informações que corrompem e limitam nossos pensamentos.

Compreendermo-nos como sujeitos históricos é fundamental para nossa libertação.
Criticar nossas práticas e o mundo que nos circunda nos possibilitará reformular cada percepção.
Cituar-nos em posição de reconstrução de sujeito, poderá moderar o ego que nega o próprio erro.
Construir conscientemente a educação em nossos passos, é necessidade para transformação em nós e em nosso meio.

Marteluz de Jesus


O ALIEN PEDAGOGO E A PEDAGOGIA ALIENANTE

Não me calem,
Não me falem que preciso suportar meus calos calado,
Não me diga o que preciso fazer em meu dia a dia,
Minha vida não é uma fantasia.
Quero te ver sentar no meu chão e superar as dores da minha vida com a simplicidade que me dão.
Nas aulas teóricas ideais são plantados,
Falsos educandos criados,
E quando gritamos a dor real da docência,
Parece ser doença esta nossa diferença.
Colegas nos calos,
Professores nos calos,
Coordenadores, amigos, vizinhos, nos calos,
Mas não nos calam, pois a dor que grita é mais forte.
Estes textos surreais de currículos autistas nos fazem marginais,
E todos que dançam fingindo se ver nas linhas alimentam esta imoral esquizofrenia.
Pedagogia eu quero te ver,
A sua real cara, eu quero ver,
Livros concretos de práticas reais eu quero ler,
Pedagogia, cadê você???



Marteluz de Jesus



 O ESTADO D(N)A ESCOLA



A escola é um aparelho ideológico do Estado

Pensado de fora,

Reproduzido por dentro,

Perpetuado por poderes oligárquicos políticos e econômicos.

Assegurado pela precária e desviante pseudoformação docente.

Encrudescido por meio de políticas públicas pervertidas.

Com o interesse de garantir privilégios e regulamentar os sistemas e relações de opressão.

A escola tem sido instrumento genocida de tortura do povo expropriado dos seus direitos, potencialidades e liberdades.

A escola define as escolhas da sociedade em seu currículo.

Os docentes não entendem e a elite se regojiza.

Ergamo-nos conscientes da luta!




Marteluz de Jesus





DOCENTE OU DOENTE

Docente ou doente?
Em qual estado devemos estar?
Como devemos nos comportar?
Podemos nos entristecer e chorar?
Quem entende um professor em desespero?
Com mais da metade da turma clamando apelo?
Um professor tem em seu lamento um grito muitas vezes sem eco,
E sem ser compreendido ele se vê em labirinto.
Normalmente sozinho, não lhe dão ouvido.
Mas este é um caminho dolorido,
Existem momentos coloridos,
Existem doces abraços e beijos,
Mas quantas são as horas de gritos e puxões de cabelos,
Palavrões, murros na cara e chutões nos joelhos.
E por mais que tentemos,
Mesmo que erroneamente gritemos,
Descabelar-nos-emos, pois o sistema no entorno da educação é cheio de Veneno,
Vindo dos pais, dos colegas, dos demais funcionários, do governo piegas,
Dos salários de merda e de outras relações em outras esferas.
Estamos sozinhos em sala,
Ilhados, isolados, com os alunos agressivos, desrespeitosos e palhaços,
Com crianças que não reconhecem normas sociais,
Que desdenham de qualquer coisa que lhe chegue em paz.
Que desafiam, ameaçam, lhe rechaçam e te tiram do chão.
Que sem pais, sem Estado se tornam seus próprios carrascos.
Sim,
Tenho pena dessas crianças excluídas,
Mas lamento mais pelos docentes que ficam doentes lesta sabatina,
E ainda são culpabilizados pelo seu estado,
Que ainda são recriminados e chamados de fracassados,
Que quando reclamam ainda estão errados,
Que ninguém nem o Estado se preocupa com o seu lado.
E se estiver chateado é melhor sorrir em sua sala, calado.


Marteluz de Jesus




CLAMOR AO PROFESSOR

Para que olhar pra onde não há o meu brilhar?
Pra que estrelas se neste céu eu não estou lá?
Ensinar olhar o céu é preciso,
Aprender a apreciar é o que eu necessito.
Carente de horizonte diferente
Perdido, me escondendo entre esta gente
Não me fale sobre o que não sou!
Não me mostre onde eu não estou!
Estou carente de mimo, de presente.
Tudo ausente, eu ausente, tão deprimente...
Revoltante, fustigante, gritante, sou diferente.
Eu fujo, pois é mais fácil que o amargo.
Ninguém quer ser humilhado, escrachado, ruminado,
Provar que é frágil, ser mal comparado.
O que eu preciso é de um abraço,
De uma mão, de um irmão iluminado.
Minha gente, minha mente, quer ir pra frente.
Preciso de ajuda, amigo, beijo quente.
Seja paciente, me mostre o céu, me dê o seu céu.
Ajude-me a tirar o fardo deste véu.
Quero fazer parte desta seleta parte.
Das estrelas incandescentes deste céu que se abre.
Eu quero o poder de olhar e me ver brilhar.
Quero olhar as estrelas, e se não estiver,
Quero ter a certeza de que posso estar lá!!!

Marteluz de Jesus

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