No dia em que o tempo
rugiu
E pediu licença pra
parar
De dentro pra fora
implodiu o medo
E quem silenciava
gritou
De fora pra dentro
brandiu o pavor
E o corajoso se mijou
Ao avesso tudo foi
levado
E o santo, o ímpio e
o bêbado, todo mundo foi testado
As vidas foram para a
balança
E a medida era o
tempo
O que fizera com ele
em sua lida?
O que trouxera nele a
cada dia?
O que aprendera com
ele ao longo do seu curso?
O atestado de vida
foi dado
E quem viveu teve que
contar
O que fizera com seu
tempo
O que fizera da sua
vida
Transbordara de vazio
Ou esvaziava de tanto
transbordar?
O tempo é impiedoso
E quando parou também
ensinou
Em seu estrondo se
ouviu os gritos e murmúrios das pessoas
E a vontade de viver
pra ver o que é, seria ou será
Mas neste instante,
ao parar
O tempo deixou
evidente que só existe presente
O mais é
representação do ausente.
Marcelo Marteluz de
Jesus