sábado, 7 de abril de 2018

O T DAGÓ


No dia em que o tempo rugiu
E pediu licença pra parar
De dentro pra fora implodiu o medo
E quem silenciava gritou
De fora pra dentro brandiu o pavor
E o corajoso se mijou
Ao avesso tudo foi levado
E o santo, o ímpio e o bêbado, todo mundo foi testado
As vidas foram para a balança
E a medida era o tempo
O que fizera com ele em sua lida?
O que trouxera nele a cada dia?
O que aprendera com ele ao longo do seu curso?
O atestado de vida foi dado
E quem viveu teve que contar
O que fizera com seu tempo
O que fizera da sua vida
Transbordara de vazio
Ou esvaziava de tanto transbordar?
O tempo é impiedoso
E quando parou também ensinou
Em seu estrondo se ouviu os gritos e murmúrios das pessoas
E a vontade de viver pra ver o que é, seria ou será
Mas neste instante, ao parar
O tempo deixou evidente que só existe presente
O mais é representação do ausente.

Marcelo Marteluz de Jesus