QUANDO CADA PARTE ARDE
E parte,
Deixando seus fragmentos por toda parte.
Parindo em cada caco um grito
Grito que pra muitos é oco,
Pra outros é eco,
Pra muitos, cego.
Entretanto cegos não vêem o grito,
Veem a sombra,
Julgam a silhueta,
Apontam como besteira,
Os vulneráveis acocorados à ponta da ribanceira,
Avaliando a descida,
A queda,
A dimensão do tombo...
No parecer querer jogar-se
Pra se misturar ao chão,
Na lama,
Que canta em teu grito,
Invisível ao insensível mundo.
Só querem teu sorriso,
Só querem teu palhaço,
Esconda teu rasgo,
Pinte os fragmentos,
Faça uma festa dos teus lamentos,
Piadas,
Sarcásticas,
Mas não transpareça este lado da tua humanidade.
A fragilidade exposta provoca,
Incomoda,
Irrita...
Ninguém quer resgatar,
Ninguém compartilha Luz,
E maltratam a vida,
Depois se retratam e abraçam,
Num morder e assoprar desgraçado,
Como que desgarrado do que há de bom,
Preso ao que há de hipócrita.
É das máscaras que todos gostam,
E nelas gastam
Todas as suas fichas,
Suas apostas,
Suas bostas...
Pintam-nas de bostas coloridas,
Divertidas,
Tingidas a sangue,
Fingidas a ferro,
Pra não serem náufragos,
Pra não terem nós nos corações.
E sem os nós bem atados são sós...
"Um barco, uma vela rasgada.
Uma direção e um desabafo"
Partido,
Partindo,
Sendo partidos cada vez mais,
E mais,
e mais,
e mais...
DO GRITO À QUEDA: O VOO
E parte,
Deixando seus fragmentos por toda parte.
Parindo em cada caco um grito
Grito que pra muitos é oco,
Pra outros é eco,
Pra muitos, cego.
Entretanto cegos não vêem o grito,
Veem a sombra,
Julgam a silhueta,
Apontam como besteira,
Os vulneráveis acocorados à ponta da ribanceira,
Avaliando a descida,
A queda,
A dimensão do tombo...
No parecer querer jogar-se
Pra se misturar ao chão,
Na lama,
Que canta em teu grito,
Invisível ao insensível mundo.
Só querem teu sorriso,
Só querem teu palhaço,
Esconda teu rasgo,
Pinte os fragmentos,
Faça uma festa dos teus lamentos,
Piadas,
Sarcásticas,
Mas não transpareça este lado da tua humanidade.
A fragilidade exposta provoca,
Incomoda,
Irrita...
Ninguém quer resgatar,
Ninguém compartilha Luz,
E maltratam a vida,
Depois se retratam e abraçam,
Num morder e assoprar desgraçado,
Como que desgarrado do que há de bom,
Preso ao que há de hipócrita.
É das máscaras que todos gostam,
E nelas gastam
Todas as suas fichas,
Suas apostas,
Suas bostas...
Pintam-nas de bostas coloridas,
Divertidas,
Tingidas a sangue,
Fingidas a ferro,
Pra não serem náufragos,
Pra não terem nós nos corações.
E sem os nós bem atados são sós...
"Um barco, uma vela rasgada.
Uma direção e um desabafo"
Partido,
Partindo,
Sendo partidos cada vez mais,
E mais,
e mais,
e mais...
De mais...
Marcelo de Jesus Arouca
P/ Dil
Marcelo de Jesus Arouca
P/ Dil
DO GRITO À QUEDA: O VOO
Tá aqui preso, o grito
Querendo ser solto, grito
Se espalhar, se dissipar, me esvaziar, grito
Todos os apelos e súplicas dos dias vividos, grito
As paixões, medos, desejos e re-pulsas, grito
As vozes em minha cabeça gritando, grito
Conflitos entre certezas melindrosamente amarradas, grito
Incertezas e devaneios desvairados, grito
Meu eu se perde em meu eu que se perde no meu eu que,
grito
E assim eu grito
E grito
E grito
E grito
Griiiiiiiiitoooooooooo!!!
...
Até que dentro de mim esmaeça meu eu
As vozes
Os conflitos
As incertezas
E meu peito se entorpeça
Nos mix dos meus sentimentos e sentidos
Sentindo vazio
Um pouco de frio
Na solidão da minha angústia umbilical
Me abraço em posição fetal
E adormeço em meu próprio ponto cardinal
Plantando minha manhã em plena noite
Amando minha vida pelo avesso
Misturando minha imagem a mim mesmo no espelho...
Nesta ilha miro o horizonte contemplativo
No horizonte eu reflito
E é olhando lá longe que de dentro de mim eu retiro
As asas que nasceram com a vontade do grito
Lembro que eu já quis fugir
E percebo que não posso fugir de mim mesmo
Foi o que aprendi me misturando a mim mesmo no espelho
Hibernando em posição fetal
Em minha alucinação umbilical...
Estou no ápice de mais uma quebra de paradigma
Na ponta do precipício
E ainda tenho medo
Do desconhecido
Do desconhecido que sou
Tento voltar, mas não dá
Me lembro do grito
E de como o passado não faz mais sentido.
Só me resta pular no abismo e confiar nas asas.
Eu sei
Irei saltar
Eu não sei
Irei encontrar
Só sei que de onde eu vim não quero mais voltar...
Qualquer coisa eu grito
De novo
Mergulho em meu umbigo
De novo
E por mais que venham coisas inusitadas e estranhas,
Nada será mesmo novo
Mas também não será o mesmo de novo
Será o velho eu em nova batalha
E esta contradição que até que tem graça
É a vertigem que me acomete nesta caça
Nesta busca
Em meio a tantas curvas
A tantas casas
Estátuas
Umbigos
Novos velhos
Velhos novos
outr@s
tod@s
aparentemente louc@s
que nem eu...
Somos assim
O eterno devir
Já sendo
Querendo ser
Sem saber plenamente o que
Até se perceber que é @ mesm@
Em nova velha configuração
Pronto pra novos erros-acertos
Gritando
Em posição fetal
Na beira do abismo
O desconhecido
Ou voando
Tentando aterrissar
Pra novos gritos
Novos ciclos
Conflitos
Idos
Dos
Os
S
.
.
.
Marteluz de Jesus Arouca
24216
PRESO EM SI
Preso em si
Sem caminhos pra sair.
Tudo obstruído.
Tudo consumido
Tudo consumado
De dentro ouve-se a
pergunta:
- Quem somos?
De fora sons estranhos em
vozes muitas vezes familiares.
O sorriso que nos
estrangula é claustrofóbico
E no parco espaço dentro
da gente
Nossa mente agoniza entre
nossos dentes.
A luz que adentra nossas
frestas incomoda.
Não queremos esperanças
Não queremos
brincadeiras
Não queremos festas ou
feiras.
É tudo vazio em um
emaranhado de um bocado de coisas confusas e solidamente insólitas...
- Quem somos?
- Quem não queremos ser?
- Onde estamos indo?
- Pra que serve tudo
isto?
Somos confrontados
conosco,
Com nossos hábitos
E nos escondemos de nós
mesmos dentro de nós.
Cada erro uma adaga
Cada falha uma facada.
Cada aposta uma
flechada...
E aqui
Dentro de mim
Ensanguentado
Me vejo
Muito crítico
Tenho que silenciar estes
pensamentos.
São as críticas que
faço os meus tormentos.
E seus ecos os gritos
Os grilos
De mim
Pra mim
…
EU RIO
Eu morri sombrio
Subi num rio
Em que descer é o único caminho
Morri pra vida que todos esperavam
Subi num rio pra encontrar a nascente d’água.
Cresci um peixe novo
Cansado de ser peixe podre
E pobre de espírito não quero ser.
Marteluz de Jesus
MÁ
DRUGA DA
Eu
tentei dormir e não consegui.
Submergi
em mim, e emergi aqui
Entre
as palavras que me reviram.
Reavivo
meus momentos
Os
tristes e os lindos
E
nos indos e vindos ventos me sinto.
Sou
do tempo
No
tempo sou humano
Sendo
humano trago erros
E
trago muita fumaça em meus devaneios.
Neblinas
me cercam
Pedras
me travam
Crianças
me encantam
Sonhos
me provocam
Medos
me enrolam.
A
madrugada zuni em minha cabeça
As
teias me prendem às aranhas
No
quarto estou nu
Só
Me
desespero
Me
arrependo
Crio
esperanças
Me
desentendo
Confusão
Conflito
Me
sinto esquisito
Esquecido
por mim mesmo
Encontrando
novo eu
E
sempre eu
Ciclicamente
eu
Egoísta
e orgulhoso eu
...
Não
teria como ser diferente
Pois
sou quem me acompanha
Independente
da campanha
Sempre
me reencontro comigo
Em
noites soturnas de sábado pra domingo
Despido
no quarto
Despido,
porém armado
Contra
mim mesmo... Armado...
Marteluz de Jesus
OSTRACISMO INTERIOR DE FORA
Morres lentamente em vida
Definha claramente em
morfina
Desalinha seus suspiros
Gemendo sussurros
inaudíveis
Imperceptíveis apenas a
quem dista de ti.
E quem está perto percebe
Sem entender o porquê,
Porque só você poderia entender
Mas nem você saberia
explicar.
O que sente
O que grita
Porque clama.
É estranho ser
Num ninho de gaivotas tuas
penas são cinzas
Discrepante teus olhos
Discrepantes tuas vontades
Destoantes tuas verdades
Desconcertantes os teus
hábitos
E tudo o que sabe é que não
se adequa.
Numas vezes é até
engraçado, mas em geral é um atrapalhado.
O mais irônico é querer um
mundo com os teus olhos
Sonhar com sua realidade
sobre o mundo que vê.
Estranho ostracisado em si
mesmo
Miserável imerso em seus
desejos.
Sou Eu.
Marteluz de Jesus
QUE SEJA ETERNO INTERNO
EM MEU INTERNO
Me foda e me engula
Me dilua e me disseque
Este mundo não é meu e
a ele eu não pertenço.
Quero muros dos mais
altos
Pra neles morar isolado
Não me convenço mais
pra ser daqui
Não me quero mais me
ver aqui
Não quero mais
transitar entre este povo
Quero ser eu dentro de
um ovo
Com tão forte casca que
nem eu possa quebrar
E nunca mais ter que
dialogar com qualquer pessoa de novo...
Ser autista em minha
vida
E não ter mais que
dialogar com qualquer pessoa de novo...
Sou estranhamente
diferente
Sou profundamente
distorcido
Porque sou superlativo
Incompreensivo
Extremista
Radical.
Narcisista em meu
umbigo ferino
Sangrando egoísmo
Singrando egocentrismo
Marcando minha vida
E a vida de tantos com
minhas escolhas de compromisso.
Marteluz de Jesus
MORTE–FIQUE–ME
Morte,
Mate-me logo
Arraste-me pro
teu colo
Faz-me teu
solo
Como aqueles
de guitarra
Rasgados
Profundos...
Contudo
Me faça solo
fértil.
Nos teus olhos
fundos
Permita-me ver
minha vida inteira
De fora
De fora...
Marteluz de
Jesus
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